Estudantes universitários gozavam de benefícios do clero medievais
Estudantes universitários gozavam
de benefícios do clero medievais
Pouca
gente se dá conta, mas a beca usada pelos universitários ocidentais na
cerimônia de formatura é muito similar aos trajes do clero católico.
Nunca notou? Repara só:
Não, não
é mera coincidência. De fato, os estudantes medievais gozavam de benefícios
exclusivos do clero. Assim, em algumas ocasiões especiais e solenes – como a
cerimônia de colação de grau – eles usavam o traje característico dos
eclesiásticos. Mas o que motivou a concessão desse privilégio?
A maior
parte dos universitários medievais tinha entre catorze e vinte anos, e sacomé…
O gosto pelas festas e pela zoação dos jovens daqueles tempos não se
diferenciava muito dos de hoje. As festas não raro, ficavam barulhentas demais,
a alegria exacerbada descambava às vezes pra baderna… E por isso o povo das cidades
estava longe de morrer de amores pelos estudantes.
O
problema é que esse rancor muitas vezes gerava violências
e injustiças contra os estudantes – grande parte deles oriundos de
famílias com poucas posses. Foi aí que os papas intervieram, como pais zelosos,
para proteger a integridade de seus filhos.
Para
entender melhor essa história, leia abaixo o texto do escritor Thomas
Woods.
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CIDADE E
TOGA
por: Thomas E. Woods Jr.
A
participação dos papas no sistema universitário estendeu-se a muitos outros assuntos.
Um olhar
de relance sobre a história da universidade medieval revela que não eram
incomuns os conflitos entre a universidade e o
povo ou governo local. Os habitantes da cidade nutriam com
frequencia sentimentos ambivalentes em relação aos estudantes universitários;
por um lado, as universidades eram um presente para os comerciantes locais e
para atividade econômica em geral, uma vez que os estudantes traziam dinheiro
para gastar; mas, por outro lado, estes estudantes podiam ser irresponsáveis e
indisciplinados. (…) Como resultado, ouvia-se muitas vezes os estudantes e seus professores queixarem-se de que eram “tratados com abuso pelos
cidadãos locais, com dureza pela polícia, desatendidos nas suas
demandas legais e ludibriados no preço dos aluguéis, alimentos e livros”.
No meio
dessa atmosfera tensa, a Igreja rodeou os
estudantes universitários de uma proteção especial, condecendo-lhes o
chamado benefício do clero. Os clérigos gozavam na Europa
medieval de um estatuto especial: maltratá-los era um crime extraordinariamente
grave; tinham o direito de que suas causas fossem julgadas por um
tribunal eclesiástico, e não pelo civil. Os estudantes universitários (…)
passaram também a gozar desses privilégios.
Trecho
do livro “Como
a Igreja Católica construiu a civilização ocidental” – Editora Quadrante,
São Paulo, 2001 (páginas 48 e 49).
*****
Esperamos
que este artigo e o post “Sistema Universitário: Bota na Conta
do Papa” tenham ajudado nossos leitores a fortalecer a compreensão
de que a Igreja Católica, historicamente, é comprometida com a razão e a
argumentação racional, a ponto de ter embalado em seu seio uma das
instituições mais cruciais para o desenvolvimento intelectual e econômico dos
povos do ocidente – a universidade.
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