quinta-feira, 5 de julho de 2012

239 ANOS SOB A SOMBRA DE SOBRAL

                              Sobro - Árvore de cujo nome se origina o da cidade de Sobral 
 
Nesta quinta-feira (05) Sobral comemora 239 anos de emancipação política. Mas ainda está muito lento o processo de conscientização da população e das autoridades para o fato de que é imprescindível que cada povo necessita inteirar-se mais da sua própria história. Seria este o caminho através do qual se pode tomar conhecimento do passado para entender melhor o presente, a fim de projetar melhor ainda o futuro. E mais: é a melhor forma de fazer-se respeitar, já que o cidadão fica munido de subsídios para rebater críticas, divulgar mais a verdade, desmistificar inverdades, enfim, é a única forma de se adquirir embasamento para contra-argumentar em qualquer situação.
É lamentável observar-se ainda persistir por parte da maioria de pais e educadores uma grande dívida para com as crianças e jovens, quanto ao ensino da história do seu torrão natal. Falha nacional, uma vez que o mesmo ocorre em quase todos os municípios brasileiros. Infelizmente ainda está adormecido o interesse para a implantação uma disciplina específica sobre a história local. A garotada desvenda as galáxias e os países mais distantes (Isso é bom!), mas pouco ou nada sabe sobre a cidade em que vive (Isso é mau, muito mau!). Como, então, culpar os jovens se o desinteresse ou a ignorância parte exatamente de quem poderia e deveria mudar essa triste realidade? Que cada um de nós (adultos) faça seu mea-culpa. E tente fazer algo para inverter o quadro.

 Como pai e também educador, levando-se em conta que comunicador também tem como função informar e educar, tento aqui solver parte dessa dívida. Portanto, conheça um pouco mais da história da Fazenda Caiçara, passando pela Vila Distinta e Real até a atual cidade de Sobral.


POR QUE CAIÇARA?

                                        Antiga Cruz das Almas (Hoje, Boulevard do Arco)
 
Nome dado à porção de terra herdada por Quitéria Maria de Jesus, como dote de seu casamento com Antônio Rodrigues de Magalhães. Quitéria havia herdado de sua mãe, Apolônia da Costa, casada com o sargento-mor Antônio Marques de Leitão. E Apolônia, por sua vez, teve sua parte herdada de seu pai Antônio da Costa Peixoto, português, vereador em Aquiraz. A 14 de outubro de 1702, este edil conseguiu uma sesmaria às margens do rio Acaraú, medindo uma légua e meia de comprimento com meia légua de largura, indo da margem esquerda do rio Acaraú ao sopé da serra da Meruoca. De suas terras, Antônio e Quitéria fundaram a fazenda à qual deram o nome de Caiçara pelo fato de ter sido no início protegida com uma cerca de varas. Isso é corroborado pela etimologia: a palavra Caiçara vem do tupi e significa “cerca feita de mato”.
Protesto - Muitos que levam adiante a história de Sobral em seus escritos ou pronunciamentos têm pecado por omitir a grande importância do padre visitador Lino Correia Gomes. Para mim, ele foi o verdadeiro fundador de Sobral e não o fazendeiro Antônio Rodrigues de Magalhães. E explico: Pe Lino foi o pai da ideia de instalar a sede de um curato por aqui. Com o curato, veio o desenvolvimento. Antônio simplesmente doou terras e não tinha a mínima intenção de fundar uma cidade, inclusive pouco permanecia nesta região.

POR QUE VILA DISTINTA E REAL DE SOBRAL?


Vale lembrar que o município já recebeu o nome de Januária. Quando da elevação de Vila à categoria de cidade, o presidente da Província do Ceará (hoje equivalente a governador do Estado), José Martiniano de Alencar, que era padre e pai do famoso romancista cearense José de Alencar, através da Lei nº229, de 12 de janeiro de 1841, deu o nome a esta terra de Fidelíssima Cidade Januária do Acaraú. Explica-se, também, esse pomposo nome.

A 14 de novembro de 1772, por ordem do Governador e Comandante Geral de Pernambuco, Manuel da Cunha de Menezes, foi criada a Vila Distinta e Real de Sobral. Sua instalação oficial, bem como a eleição e posse da primeira Câmara de Vereadores só aconteceu no dia 5 de julho de 1773. O nome Vila Distinta e Real de Sobral traz consigo certo ar de nobreza. Senão vejamos:

DISTINTAPorque não tivera origem indígena ou bárbara, nem fora sede de missões jesuíticas ou de outras congregações religiosas. Sobral fora colonizada por portugueses ou descendentes destes e catequizada por padres seculares. Todas as vilas surgidas dessa forma, de colonização totalmente branca, eram consideradas com ares de nobreza e, portanto, distintas.

REAL Pelo fato de ter sido criada por ordem direta do Rei e, por isso, recebia dele proteção e simpatia. Existiam vilas criadas de aldeias indígenas, mas não recebiam os adjetivos “Distinta e Real”. Eram apenas Vila ou Vila Nova, acrescido do nome do local. Vila formada de habitantes estritamente de origem portuguesas era Distinta e Real, como foi o caso de Sobral, exemplo único no Ceará. Quando foi baixado o decreto pelo Rei para criação das Vilas era uma ordem retirar todos os nomes indígenas e alterar para nomes de locais já existentes em Portugal. No caso deste município, a denominação vem de Sobral da Lagoa de Óbidos, terra dos ancestrais de Quitéria Maria de Jesus, esposa de Antônio Rodrigues de Magalhães. Obs.: Em Portugal pode-se encontrar mais de uma dezena de localidades que recebem o nome Sobral acrescido de mais algum designativo.


FIDELÍSSIMA– Pela fidelidade dos sobralenses ao Pe. Alencar, quando da revolta contra o seu governo ocorrida na então Vila Distinta e Real de Sobral em 1840. Houve sérios conflitos com várias mortes, saindo vitorioso o Pe. Alencar.

JANUÁRIA Homenagem que o presidente da Província queria prestar à jovem irmã do imperador D. Pedro II, a Princesa Januária, de 19 anos (Daí, “Princesa do Norte”). A população não gostou nem pouco da mudança de Sobral para Januária, o que forçou, no ano seguinte, o novo presidente, José Joaquim Coelho, através da Lei nº 244, de 25 de outubro de 1842, atender aos reclamos da população retornando o nome do lugar para Sobral. Como Januária, Sobral ainda permaneceu durante um ano, nove meses e treze dias.

SOBRAL - Sobral (ou sobreiral) é o coletivo da palavra sobro, sovro ou sobreiro (fotos). Trata-se da denominação popular de Quercus Súber, uma das árvores florestais mais abundantes em Portugal. É a única quercínea produtora de cortiça da região mediterrânea. O sobreiro é uma espécie que requer humidade e solos relativamente profundos e férteis, embora também tolere temperaturas altas e períodos secos de três a quatro meses, típicos do clima do sul de Portugal. Entre as características que o distinguem dos restantes carvalhos, sobressaem: - o considerável desenvolvimento que pode atingir o invólucro suberoso do tronco e dos ramos; - a faculdade que a árvore possui de regenerar uma nova assentada geradora de cortiça quando se despojam aqueles órgãos do revestimento protetor; - a homogeneidade e pureza do tecido suberoso e as suas notáveis propriedades físicas, mecânicas e químicas. “É devido à cortiça que o sobreiro tem sido cultivado desde tempos remotos. A extração da cortiça não é (em termos gerais) prejudicial à árvore, uma vez que esta volta a produzir nova camada de "casca" (súber) com idêntica espessura a cada 9 - 10 anos, período após o qual é submetida a novo descortiçamento.

POR QUE FIDELÍSSIMA CIDADE JANUÁRIA DO ACARAÚ?
Vale lembrar que o município já recebeu o nome de Januária. Quando da elevação de Vila à categoria de cidade, o presidente da Província do Ceará (hoje equivalente a governador do Estado), José Martiniano de Alencar, que era padre e pai do famoso romancista cearense José de Alencar, através da Lei nº229, de 12 de janeiro de 1841, deu o nome a esta terra de Fidelíssima Cidade Januária do Acaraú. Explica-se, também, esse pomposo nome.  


Sobral de Nossa Senhora da Conceição

Por:Artemísio da Costa (radialista)

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